O coração traz as sementes da consciência, da Presença Divina e seu silêncio cósmico. Alegria, paz e amorosidade são promessas potenciais, presentes nos genes dessas sementes.
Mas, desde que somos crianças o medo e o julgamento faz erguer defesas e nos desperta desejos estranhos, assim, gradativamente nos afastamos sem perceber dessa Presença Divina no coração.
Tendo caminhado para longe de si, eis que o sentido de ser um sujeito autocentrado se consolida e estabelece suas raízes. A partir daí, nossas resistências, nossos complexos, ambições e desejos, buscam assumir o controle sobre nossas ações.
Ações essas que nascem com o objetivo de nos permitir escapar de perigos, de obter prazer e de alcançar controle e poder sobre a vida. Por isso, naturalmente, surge a ansiedade, a apreensão, preocupações, o desgaste físico, mental e emocional; consequência de conflitos, discussões, disputas e guerras.
A incoerência, o autojulgamento, a culpa, assim como a vergonha, a comparação, a inveja, os ciúmes, unida as compulsões, as válvulas de escape e a necessidade de obter reconhecimento e apreciação para provar o seu valor próprio, todo este jogo perverso, todos esses sentimentos e emoções cristalizam um comportamento autocentrado, egoísta e cheio de si.
É necessário, àquele que busca a paz e a real liberdade, ir além dessa personalidade autocentrada, que construiu sua base por sobre ilusões, dentro de uma sociedade de consumo, cuja crença é que acúmulo de posses e objetos conduz a felicidade, infantil engano.
Precisamos empreender um caminho de volta ao lar. Retornar a pacífica morada no coração espiritual do Ser, redescobrir aquelas sementes esquecidas, assim como a fonte de inocência, santidade, silêncio, mansuetude, paz, confiança e liberdade, inerentes a nossa essência.
Se voltar para o coração é se voltar para o silêncio. Se voltar para o silêncio é ignorar o movimento frenético de pensamentos do sujeito autocentrado. Ignorar este movimento é meditação.
No coração reside o fogo da verdade e uma vez acesa a chama, seu intento se purificará, seus medos se transformarão em cinzas, a ideia de que algo lhe falta se dissolverá. Este falso centro do sujeito, limitado a um corpo, a um tempo e a um espaço perderá seus limites e a essência então brilhará além de toda aparência.
E o que se faz necessário para ascender essa chama? Como testemunhar as sementes da consciência do Ser florescerem em nossas vidas?
Para isso estamos aqui nessa jornada, para nos tornar quem verdadeiramente somos, e o fato é, já somos o que somos! Nada nos impede de vivenciar essa liberdade, nada além de nossos apegos e ilusões, que criam dependências e necessidades que nos faz buscar fora, aquilo que só poderemos encontrar dentro de nós mesmos.
Autorrealização é ser quem tu és.
Washington Aquino Vieira
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