O eu-autocentrado é um padrão de condicionamento psicológico de origem psicossocial que se forma a partir do processo de pré-humanização do indivíduo através da cultura em que este se encontra inserido.
Para que possamos trabalhar na sua desconstrução precisaremos primeiro entender a sua formação e, principalmente compreender, porque há esta necessidade que ele seja desconstruído.
Em sociedades tribais, o eu-autocentrado é um fenômeno inexistente, os papéis sociais são fixos e a compreensão humana a respeito do ciclo de vida de cada indivíduo são simples, a cooperação se sobrepõe a competição e, desta forma, toda a evolução se dá de maneira coletiva e, desta forma, um ser humano não sobrepuja ao outro.
Vamos trabalhar algumas hipóteses, para entender de que maneira possa ter ocorrido uma mudança na dinâmica psicossocial entre os povos antigos.
A competição surge no cenário humano através da necessidade de defesa contra inúmeras ameaças, o homem passa a competir pela necessidade da sobrevivência, a princípio esta competição é contra ameaças naturais como animais e riscos inerentes à natureza selvagem.
Até num determinado momento histórico, conforme a expansão tribal ou migrações de nômades, ocorreram os primeiros encontros entre tribos, que naturalmente pode ter causado um grande espanto e inclusive ter despertado o medo de ambos os lados, e tenha surgido, por conta desta ameaça concebida, a primeira guerra da história.
A partir do instante em que as ameaças começaram a tornarem-se ainda mais tangíveis e se fazerem mais presentes, fora preciso devido a uma necessidade de adaptação e sobrevivência, desenvolver mais e mais as habilidades de defesa, tanto no sentido de criar instrumentos que pudessem os auxiliar, assim como fortalecer o corpo e aperfeiçoar a habilidade motriz para o combate.
E diante de derrotas começaram a surgir divergências de pensamento quanto a estratégia de guerra, assim como a se fazer notório o desenvolvimento e a habilidade superior de alguns membros em comparação a outros, surgindo a partir daquele instante papéis de liderança dentro de um grupo e, consequentemente, subordinação.
A partir da existência da liderança iniciou-se a formação do comportamento que aqui chamo de 'eu-autocentrando', ou seja, neste instante a idéia de ser, deixa de centralizar-se no coletivo e passa a estar centrada no comportamento isolado no indivíduo.
Isto tudo se dá e se desenvolve principalmente após o desenvolvimento da agricultura, que trás para aquelas sociedades uma idéia de propriedade mais desenvolvida e necessidade de expansão territorial como fato consumado.
A partir dai surge a necessidade de criar um sub-grupo dentro de um grupo, os lideres necessitam trazer para mais perto de si aqueles que se destacam, a partir daí surgem novas identidades, desde aquele que se destaca pela inteligência estratégica ou inventiva ao criar novos instrumentos bélicos, desde aquele que se destaca pela bravura e lealdade ou aquele outro que se destaca pela força e capacidade de lutar.
Começa então a surgir a idéia (na prática), de especialização.
Quanto mais se desenvolve, as relações organizativas no cerne desta sociedade, mais complexa se torna a identidade individual, e a partir da captura de seres humanos pertencentes a outras tribos, surge uma outra classe formada a partir deste processo de escravidão.
E a partir de tudo isto está formado os antecendentes socias para o surgimento do eu-autocentrado tal como o conhecemos hoje. No próximo post sobre este assunto, analizaremos os pormenores psicóligicos advindos deste processo.
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